AILTON ELISIÁRIO
Nulla dies sine linea
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Textos

REMEXENDO

 

            Começo 2024 repensando algumas coisas: retomar projetos suspensos, trilhar novos caminhos, colocar pontos nos is, estar atento às mudanças, analisar melhor intenções de terceiros, rever decisões, encetar novos propósitos, enfim, começar tudo de novo de maneira diferente.

            Como sempre, todo início de ano traz para as pessoas o desejo de se reorganizar, de jogar no lixo coisas que já deviam estar no lixo, de redimensionar aspirações, de estar mais próximo do outro, de ser mais amável com as pessoas da família e com os amigos, de ser mais cordato com as pessoas desconhecidas, de ser um pouco mais tolerante, de aceitar numa boa as diversidades e os desconcertos, de procurar entender os descaminhos, de se renovar no todo e em tudo.

            É óbvio que nem tudo isso pode ser implementado, mas valem as intenções. É que o ser humano tem necessidade de vez em quando dar uma remexida nas coisas do seu dia a dia. E nada melhor que começar por um bom começo, o começo de um novo ano.

            Há, porém, coisas que travam, situações que ficam infinitamente, desgostos que não desaparecem, tristezas que consomem a alma, aperreios financeiros, lamentos intermitentes, saúde que não se estabiliza, desequilíbrio com as forças da natureza, afastamentos do Alto, amores que não se recuperam, sonhos que não se realizam, desencantos que ameaçam a vida.

            Entra ano e sai ano e as esperanças se renovam, a cada data de aniversário as forças se reúnem para com fé se estabelecerem novos rumos, a respiração se acalma para envidar mais esforços, os sonhos ganham mais energia, faz-se até a fezinha para melhorar pela loteria, e a vida continua no seu ritmo que embora previsível às vezes se torna desconcertante.

            Tudo isso é a vida, o sobe e desce, o vai e vem, o ganha e perde, o cai e levanta, o riso misturado com o choro, a luta permanente, dura, às vezes cruel, tornando-nos malabaristas de nossos próprios destinos. É teatro que nos envolve, palco em que fazemos nossas apresentações, bilheterias com ou sem vendas, plateias animadas ou apáticas.

            A certeza, porém, que todos temos, a única certeza, é a de que um dia, após tantas dores e prazeres, haveremos de descansar, dormir o sono dos justos ou mergulhar num desconhecido que apavora. Isto nos dizem a fé, a lógica e a razão, para que não entremos em parafuso e nos tornemos os alucinados da nossa própria existência.

            E diante do insofismável, da realidade da passagem que faz parte da própria vida, do lugar que todos conhecerão um dia, temos que ir agradecendo pelas vitórias, pelas conquistas, que amenizam nossas dores, nossos sofrimentos. E esse agradecimento é para aquele que nos sustenta, que nos anima, nos conforta, nos dá força e coragem, ajudando-nos nessa viagem de tantas estações.

            A Ele, Deus, nossa origem e nosso destino, nosso alento e nossa alegria, nossa confiança e nosso repouso, toda honra e toda glória. Somos frágeis criaturas, d’Ele vindo e para Ele retornando, pois cada um de nós somos uma aeronave espacial que singra os espaços siderais de nossa alma em direção ao insondável. Daí, a necessidade sempre presente de irrequietos estarmos remexendo a nós mesmos, aproveitando momentos salutares de nossa caminhada, na certeza de que até aqui Deus nos tem ajudado.

Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 02/01/2024
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