No Dia de Finados geralmente as pessoas se dirigem aos cemitérios para visitarem seus mortos. Ali elas enfeitam os túmulos com flores, acendem velas e fazem orações. Há pessoas que lá preparam um lugar onde ficam pregando o Evangelho e há a celebração de missa quando o cemitério dispõe de capela, sendo às vezes feita uma celebração campal.
É uma tradição cristã, originada nos primórdios do Cristianismo para recordar a visita das mulheres ao sepulcro de Jesus, com o fim de lhe prestar as honras que ele não teve antes de ser enterrado, por causa da correria das vésperas do sábado, dia que os judeus não podiam trabalhar.
Contudo, se tem percebido a diminuição de familiares que visitam os cemitérios nessa data. Tenho visto que a cada ano cai o número de visitantes aos cemitérios locais. E tudo faz crer que as novas gerações não praticarão essa tradição religiosa, não obstante a orientação católica para a visitação no dia dos mortos.
Não desejo, porém, aqui discutir a questão religiosa nem as razões da queda nos mapas estatísticos, da quantidade de visitação aos cemitérios nesse dia consagrado aos que morreram. Pretendo aqui mostrar que nos cemitérios de Campina Grande, muitos túmulos estão abandonados, mal conservados e tantos outros praticamente demolidos.
Tenho percebido que em nossos cemitérios, as famílias estão se descuidando com a conservação dos túmulos. Há túmulos que as lápides estão quebradas, há túmulos que as pedras estão soltas, há túmulos que não se sabe quais as suas cores, há túmulos que não são identificados, há túmulos que dão pena de tantos estragos que neles se veem. Pode-se dizer que falta tanto zelo com os túmulos quanto falta de respeito com os que ali estão dormindo o sono eterno.
Visitar cemitérios não significa apenas visitar os mortos que ali se encontram, significa também apreciar obras de arte, diante das linhas arquitetônicas desses túmulos. E não só obras de arte, mas também rememorar história que envolve personagens que lutaram pela cidade, que contribuíram para o desenvolvimento da região, que mudaram a vida do estado, que transformaram o país, enfim, que se dedicaram a servir seus semelhantes e que merecem ser lembrados pelas gerações posteriores.
O cemitério mais antigo de Campina Grande, o de Nossa Senhora do Carmo, no Monte Santo, que guarda os restos mortais de vários políticos, empresários, jornalistas e outros profissionais que se imortalizaram na história da Cidade, tem túmulos em tão precárias condições físicas que maculam a dignidade dos que ali estão sepultados.
Estes sepulcros de pessoas renomadas, que podiam ser locais permanentes de visitação pública, consagrando momentos gloriosos da história, se transformaram em tristes sepulcros de ilustres desconhecidos, que não têm se quer o olhar dos seus parentes cuidando de suas últimas moradas.
Não me cabe pedir que os parentes desses desolados cuidem deles e de seus ambientes tumulares, mas posso advertir de que, como há uma tendência de que as futuras gerações venham a só comparecer a um cemitério para enterrar os seus mortos, vale a pena manter sepultados aqueles em sepulcros bem cuidados e que lhes confiram dignidade, tanto pelas pessoas que foram quanto pelo que representam na história de Campina Grande. E se houver algum desses que já não existam familiares que possam cuidar do túmulo, que seja esse cuidado pela própria Administração do Cemitério, às expensas do erário municipal.