NA NATIVIDADE DE BELÉM
Iniciamos o dia visitando a maquete da antiga cidade de Jerusalém. Trata-se de uma maquete de pedra medindo cerca de mil metros quadrados, que representa Jerusalém no período do Segundo Templo. Acha-se localizada no Museu de Israel, que tem três alas: o Santuário do Livro, onde estão expostos os fragmentos dos Pergaminhos do Mar Morto, a maquete de Jerusalém e a ala da Juventude. Ainda três setores definem o Museu: Arqueologia, Belas Artes e Arte e Vida Judaica. A visão proporcionada pela maquete auxiliou-nos bastante a entender a cidade de Jerusalém, à medida que caminhávamos por seus locais históricos.
Dirigimo-nos a seguir ao vilarejo de Ein-Kerem, nas proximidades de Jerusalém, local de nascimento de João Batista e onde ele passou a sua infância. Segundo o Evangelho de Lucas, após a anunciação em Nazaré, Maria foi visitar sua prima Isabel em Ein-Kerem. No local foi construída a Igreja da Visitação, onde Isabel foi saudada pela Bem-aventurada Virgem Maria, havendo outra que é a Igreja de São João.
O pátio contém uma estátua de Maria e Isabel, e na parede oposta à entrada da igreja inferior estão quarenta e duas placas de cerâmica contendo os versos do Magnificat em vários idiomas diferentes, cântico esse de louvor e um dos mis antigos hinos marianos. Na fachada da igreja superior encontra-se um impressionante mosaico que comemora a Visitação. Suas paredes internas são decoradas com afrescos, um dos quais é a representação do Concílio de Éfeso, que definiu Maria como Theotokos ou Mãe de Deus.
A Igreja de São João está no centro da cidade velha e foi construída pelos cruzados no Século XII, sendo agora usada pela Igreja Ortodoxa Grega. Há nela uma parte do osso do crânio de João batista, que é venerada como uma relíquia.
Seguindo nosso roteiro deixamos Jerusalém e fomos à cidade vizinha de Belém. Nossa primeira parada foi no Campo dos Pastores, lugar do primeiro anúncio do nascimento de Jesus. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores dizendo: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2, 8-12).
Sobre uma rocha nesse Campo dos Pastores que se localiza em Sivar el-Ghanam, acha-se construído o Santuário “Gloria in excelsis Deo”. Em forma de decágono e paredes inclinadas, lembra uma tenda nômade. No seu interior estão reproduzidas cenas evangélicas, a aparição celestial, os pastores dirigindo-se a Belém e a adoração do Menino. Dez figuras de anjos decoram a base da cúpula, onde está escrito: “gloria in altissimis Deo et in terra pax hominibus bonae voluntatis” (Lc 2, 14).
Após o almoço fomos conhecer a Basílica da Natividade, que se acha erguida sobre a Gruta da Natividade. É o segundo lugar sagrado mais visitado na Terra Santa, sendo o primeiro a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
A Gruta da Natividade é consagrada como sendo o local exato do nascimento de Jesus. Do lado ortodoxo está marcada por um altar e no chão uma estrela de prata com 14 pontas, rodeada por lâmpadas de prata decoradas. Do lado católico está marcado pela manjedoura. Um põe-se de frente ao outro e todos tivemos a oportunidade de tocar a estrela e a manjedoura, elevando nossas preces a Deus.
A Basílica sempre foi disputada por várias comunidades e desde 1854 é compartilhada pela Igreja Ortodoxa Oriental, Igreja Armênia e Igreja Católica através dos monges franciscanos, com horários e espaços definidos. As 3 religiões abraâmicas a respeitam: os cristãos a veneram como o lugar onde o Filho de Deus nasceu; os muçulmanos a consideram como o lugar onde Maria deu à luz ao profeta Jesus, para eles um dos mensageiros de Deus; e os judeus a têm como o lugar onde nasceu uma das grandes figuras do judaísmo, Jesus de Nazaré.
A Basílica da Natividade tem muito riqueza artística, mosaicos dourados nas paredes, castiçais de prata e ricos ornamentos religiosos. Entra-se na Igreja por uma porta de apenas 1,25 metros de altura, chamada Porta da Humildade, porque o peregrino obriga-se a se abaixar para entrar. Sua porta original era maior, tendo sido modificada pelos franciscanos no Século XVI. Três versões justificam esta particularidade da porta pequena: a) foi construída para impedir a entrada a cavalo; b) foi alterada para garantir proteção contra invasores; c) foi idealizada para impor humildade a todos os que ali passam, exigindo reflexão e oração em seu interior.
A Basílica dispõe de algumas capelas, uma das quais a de São Jerônimo, em que numa cripta o Padre Leandro celebrou a Santa Eucaristia, em homenagem ao nascimento de Jesus. Foi um momento de grande emoção, quando circulando entre o grupo a imagem do Menino-Deus, cada uma das pessoas reagia com sentimentos profundos, gestos de amor à criança e lágrimas vindas não dos olhos, mas do coração. Momento muito tocante, fazendo-nos sentir a bondade divina.
Fim do nosso dia e retorno ao hotel, maravilhados com tanta riqueza espiritual compartilhada por crenças diferentes, relacionadas entre si pela figura de Jesus. Um dia dedicado à reflexão dos nascimentos de João Batista e de Jesus Cristo, ligados pelos laços de sangue e instrumentos do projeto de salvação de Deus oferecido à Humanidade.
Concluímos a caminhada visitando o Grande Menorah, monumento de bronze de cerca de cinco metros de altura e quatro toneladas de peso, erigido nos jardins do Parlamento de Israel. Uma obra do artista Benno Elkan (1877 – 1960), escultor judeu que escapou de sua Alemanha natal para a Grã-Bretanha e que trabalhou nele durante 6 anos, tendo o Reino Unido doado a Israel em 1956, por ocasião das comemorações do oitavo aniversário da independência israelita. Em seus braços o Menorah retrata as lutas do povo judeu, conceitos da Bíblia hebraica, expressões, personagens e termos da história judaica. É considerado um livro didático visual da história de Israel.
