DE REPENTE O CORONA
De repente, não mais que de repente, o mundo inteiro foi afetado por um microscópico organismo, fazendo-o modificar a rotina das vidas dos seres humanos. Surgiu o desconhecido Coronavirus pondo em polvorosa as populações e os próprios cientistas, que não conseguiram descobrir ainda um antídoto para lhe dar combate.
Como em outras situações passadas, o período de permanência irá passar, uma vacina vai ser produzida, os seres humanos criarão anticorpos e o estado de pandemia cessará. Mas, até tudo isto acontecer, muitos morrerão, notadamente os que tenham qualquer debilidade orgânica decorrente de outras doenças e da idade mais avançada.
A estratégia principal dos órgãos de saúde pública é o isolamento social, através do qual se poderá conseguir o elastecimento da contaminação comunitária pela desaceleração do contágio, permitindo o atendimento a todos os contaminados pela disponibilidade de equipamentos e leitos hospitalares convencionais e em unidades de terapia intensiva. Com tais medidas o índice de mortalidade do vírus decrescerá e inúmeras vidas serão salvas.
O isolamento social, não obstante as consequências negativas que também produzirá, tal como a redução geral da produção econômica, dos níveis de consumo, dos relacionamentos sociais, da vida escolar e acadêmica, entre outras, deverá trazer em contrapartida e de maneira positiva uma tomada de consciência do homem para a igualdade social.
As cidades no mundo inteiro estão paralisadas, as pessoas confinadas em suas casas e distanciadas umas das outras, as famílias separadas, todas lutando contra um inimigo comum. Ricos e pobres, brancos e pretos, homens e mulheres, todos e sem exceção igualmente nivelados em suas fragilidades e incapacidades.
Por uma ótica espiritual, o vírus não está trazendo morte física individual, está trazendo sim, uma transformação da sociedade, uma revolução social com mudanças de valores, cujos efeitos são a melhoria do gênero humano para o império da fraternidade.
A integração familiar dar-se-á de uma forma mais rápida e consistente, a maior aproximação com amigos alcançará maiores índices, tudo a longa distância e por utilização dos meios tecnológicos de que dispõem as redes sociais, porém, será com outros olhares que as relações humanas se modificarão para a criação de uma nova sociedade, fundamentada na valorização do semelhante, pelo reconhecimento da dependência mútua das pessoas no atendimento de suas necessidades, para uma vida comum plena de dignidade e felicidade.
Será uma revolução da compaixão, advinda da lição que o isolamento propiciará, qual seja a negação do egoísmo, da ganância, da vantagem excessiva, do lucro exorbitante, enfim, da preponderância da matéria sobre o espírito, do ter sobre o ser. O Corona-19 é um vírus regenerativo, recuperador da boa saúde sentimental, equilibrador da vida social, pois que irmana a humanidade no verdadeiro sentimento da solidariedade. O Coronavirus não ataca plantas nem animais, ele apenas fere a humanidade para curá-la das suas enfermidades sutís, reconstituindo-a em níveis mais elevados de espiritualidade.