AILTON ELISIÁRIO
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PASSEIO POR ALEXANDRIA
 
            Desde quando era estudante ginasiano que, estudando a história antiga da civilização, meu sonho foi caminhar pelas terras dos faraós. O Egito sempre me fascinou com suas pirâmides, templos e tumbas, banhado pelo caudaloso rio Nilo. Akhenaton, Ramses, Tutankamon, Nefertari, Nefertiti, Cleopatra, Aton, Amon, Ra, Osiris, Isis, Horus, são entre tantas outras as figuras que me embeveceram com suas histórias e lendas.
                    Durante o período do Carnaval realizei o sonho. Socorro e eu, integrando um grupo de turismo da Free Way composto por 16 brasileiros, caminhamos pelo Egito. Foram eles: Ailton e Socorro, Elena, João Teodoro, Maria Elide, Marília Bernardes, Cássio e Luciana, José Guilherme e Nélida, Lígia Muricy, Cláudia Silva, Mário Simioni e Cida, Hamilton e Rosa, oriundos de vários Estados da Federação. Com a coordenação de Elena e sob o comando do guia local, o egípcio egiptólogo Alim Fahrer, o grupo foi carinhosamente por este batizado com o nome de Família Habib’s.
                    Após cruzarmos o Atlântico, num tempo de voo de cerca de 13 horas, saindo de São Paulo com conexão em Istambul, chegamos a Alexandria para iniciarmos nosso passeio. Recebidos alegremente por Alim, este nos conduziu ao hotel para um bom descanso, após o qual saímos para conhecer a Biblioteca de Alexandria. Não a antiga, mas a atual biblioteca que teve assentada sua pedra fundamental em 1988 pelo presidente Hosni Mubarak e inaugurada em 2002.
                    Ela tem o formato do sol, iluminada por claraboias em formato do olho de Horus, sala principal de leitura de 38.000 m² e cerca de 8 milhões de livros. Em seu frontispício estão gravadas as letras de todos os alfabetos das civilizações antigas e modernas. Dois fatos me chamaram muito a atenção: um é a sua acústica que não propaga os sons dentro da sala de leitura, o outro é a existência de um banco de madeira em formato de livro aberto, contendo escritos em seu encosto e assento, como páginas de livro.
                  A biblioteca antiga foi fundada no Sec. III a.C. e destruída definitivamente pelos árabes em 646. Chegando a reunir mais de 1 milhão de pergaminhos durante o reinado de Cleópatra, há diversas versões que contam esse “papirocídio”. Alguns tributam ao general Amir Ibne Alas por ordem do califa Omar, segundo sucessor de Maomé, que teria dito: “se esses livros estiverem de acordo com o Alcorão, então não precisamos deles para nada; e se eles se opõem ao Alcorão, destrói-os”. Outra versão tributa a Teófilo, patriarca da cidade, que comandou ataques contra o paganismo e a destruição de qualquer local de culto não cristão. Ainda outra, destruída em incêndio deliberado durante a guerra civil romana entre Júlio Cesar e Pompeu.
                  Visitamos o Palácio de Montazah em estilo mourisco, com seus jardins e passarelas românticas, residência de verão da família real egípcia. O anfiteatro romano datado do Século II e as catacumbas greco-romanas cortadas na rocha, consideradas como uma das maravilhas do mundo medieval. Cada túmulo tem dois andares, chegando-se a eles por uma escada em espiral onde se vão sucedendo câmaras adornadas com colunas, estátuas e símbolos religiosos, estando quase submersos em água subterrânea e era dedicado ao público e não à realeza. Há um ambiente assustador chamado Hall de Caracalla, onde eram sepultados homens e animais massacrados por esse imperador.
                Estivemos no Pilar de Pompeu, uma coluna do triunfo romano, de 30 metros de altura, erguida em 293 por Deocleciano em memória da rebelião de Domício. Sob seus pés estão os restos do Serapeum, templo dedicado a Serápis, um deus heleno-egípcio protetor de Alexandria. O deus Serápis era uma junção de Osíris e Ápis, e representou a tentativa de Ptolomeu I de unir as culturas grega e egípcia. Em 391, no reinado de Teodósio I, o Serapeum foi destruído por Teófilo. Por fim, estivemos na cidadela de Qaitbay, uma fortaleza construída pelo sultão Al-Ashraf Sayf al-Din Qa’it Bay no Século XV, no exato local do famoso Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo antigo, cujos destroços foram encontrados submersos em 1995.
                     Alexandria é a segunda maior cidade do Egito, com uma população de cerca de 6 milhões de habitantes. É importante centro industrial e o maior porto do país, banhada que é pelo Mar Mediterrâneo. Infelizmente com ruas sujas e seus prédios bastante deteriorados. A moderna Alexandria está construída sobre as ruinas da velha Alexandria, construída por Alexandre, o Grande, em 331 a.C. Pesquisas submarinas e escavações em terra são permanentes, descobrindo-se constantemente novos sítios arqueológicos. Não só Alexandria, mas todo o Egito é um celeiro de conhecimentos enterrados, não obstante as ações deletérias de ladrões de tesouros que saquearam tumbas e templos desde tempos remotos. Nossa viagem aqui iniciou e muitas emoções veremos em outras crônicas.
Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 24/03/2019
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