ELEIÇÕES E MAÇONARIA
Neste ano o quadro das eleições no Brasil apontou, embora sem procedência, para a presença da Maçonaria nos seus bastidores. Num momento, um candidato à presidência da República identificado por Cabo Daciolo, membro do Partido Patriota, que vê a Ordem Maçônica como inimiga da sua religião, declara eliminá-la do Brasil. Noutro momento, o elemento que atentou contra a vida do candidato Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal, de nome Adélio Bispo de Oliveira, fez comentários depreciativos e postagens insultuosas à Maçonaria, alegando inclusive ser aquele candidato apoiado pela direita maçônica.
Em primeiro lugar, em nível de ordem pública deve-se ter em conta que o Brasil é um Estado Democrático de Direito. Tal condição assegura pela Constituição Federal, no artigo 5º, IV, V e VI, que é livre a manifestação do pensamento, bem como o direito de resposta proporcional ao agravo e inviolável a liberdade de consciência e de crença. E nos incisos XVII e XVIII, que são plenas a liberdade de associação para fins lícitos e a criação de associações na forma da lei.
Diante desses dispositivos constitucionais, convém lembrar ao Cabo Daciolo e ao Adélio Oliveira que o direito de pensar que cada um deles tem não os autoriza a pregar a violência, mas a respeitar o mesmo direito que os demais têm. Notadamente quando os pensamentos em que se apoiam são totalmente errôneos, sem fundamentos concretos, pautados em reflexões capengas de natureza religiosa e política que levam a situações extremadas de inconsequências e irresponsabilidade.
A Maçonaria não é religião que possa fazer concorrência a do candidato Daciolo, ou de qualquer um, mas, pelo contrário, ela respeita todas as religiões e crenças de cada pessoa. Exemplo disto é que a Maçonaria esteve ao lado das igrejas protestantes desde os primórdios de suas instalações no Brasil, contrapondo-se ao projeto institucional da igreja católica em ser a única religião no país. A regra fundamental da Maçonaria declara que “apesar de, nos tempos antigos, os Maçons estarem obrigados a praticar, em cada país, a religião local, tem-se como apropriado, hoje, não lhes impor senão a religião sobre a qual todos os homens estão de acordo, dando-lhes total liberdade com referência às suas próprias opiniões particulares. Esta consiste em serem homens bons e sinceros, homens honrados e justos, seja qual for a denominação ou crença particular que possam ter”.
De modo idêntico, na política a Maçonaria não forma a direita e nem a esquerda em nenhum país, razão pela qual não admite discussões políticas partidárias em suas reuniões. Tanto que, em relação às eleições a CMSB – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, a COMAB – Confederação da Maçonaria do Brasil e o GOB – Grande Oriente do Brasil têm divulgado sua posição apenas e exclusivamente para a adoção pelos eleitores do voto consciente, não indicando qual o candidato que deva ser o beneficiário desse voto, que deve surgir da consciência de cada um. A CMSB na Carta de Vitória de 2018 conclama o povo brasileiro para que “utilize seu voto como um instrumento de mudança na construção social, elegendo candidatos ficha-limpa e comprometidos com os princípios de ética e moralidade”.
O atentado ao candidato Bolsonaro repugnou a todo homem de bem, daí as notas expedidas pela CMSB e pela COMAB, pelas quais ambas manifestam o mais veemente repúdio ao ato covarde contra o candidato indefeso e, caso se descubra de que não foi um ato isolado, haverá de se reconhecer de que os brasileiros estão “diante de grave ameaça às liberdades individuais e políticas, além de ferir o próprio Estado de Direito e a Democracia”, como assim se expressou a CMSB.
O Adélio Oliveira está completamente equivocado quando ataca a Maçonaria e os Maçons consideram o ataque como uma manifestação própria dos que ignoram os verdadeiros ensinamentos da Sublime Instituição, estando por isto a Maçonaria de vigília para combater quaisquer ameaças nesse sentido, continuando permanentemente “a seara de melhor preparar o gênero humano para um futuro sempre melhor, com segurança, ordem, paz e prosperidade”, conforme alude a COMAB.
A Maçonaria não está preocupada com qual o candidato deve ser eleito, mas sim com a falta de ética na política. A ética deve ser um imperativo da política e da própria vida em sociedade. O distanciamento entre a ética e a política é que tem provocado a falta de recursos para a educação, saúde, segurança pública e tantos outros bens que a Nação reclama e almeja. A falta de moralidade no trato da coisa pública acarreta por consequência a falta de credibilidade aos políticos. São condenáveis, pois, as manifestações de violência do Daciolo e do Adélio, que incitam a violência e atentam contra a liberdade, além da prática do crime contra a paz pública.
A Maçonaria que é perseguida porque sempre lutou em favor dos oprimidos, porque sempre está presente onde ecoam gritos pela liberdade, quer que o Brasil retome o rumo natural de sua história, buscando colaborar com a sociedade no sentido de torna-la mais feliz pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade, pelo respeito à autoridade e à crença de cada um.
As Lojas Maçônicas serão sempre Templo e Escola, e o Maçom é o construtor do seu próprio Templo Espiritual, desbastando a pedra bruta e se voltando igualmente a edificação do Templo Social da Humanidade, combatendo a tirania, os preconceitos e os erros, e glorificando o Direito, a Justiça e a Verdade.