AILTON ELISIÁRIO
Nulla dies sine linea
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         Neste 3 de julho minha Tia Maria faz 100 anos de vida. Com o seu sempre largo sorriso estampado no rosto ela ultrapassa a barreira do tempo da existência humana, um tempo de vida que supera todas as expectativas causando muita admiração. Nenhum país no mundo tem uma expectativa de vida tão alta, não obstante o quantitativo de pessoas que alcançam essa marca tenda a crescer em todo o mundo.
 
            O Censo Demográfico do Brasil de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística identificou 24.236 brasileiros centenários, distribuídos em 16.989 mulheres e 7.247 homens. A região Nordeste liderou com 10.408 centenários, destacando-se nesta a Bahia com 3.578. O segundo lugar vem ocupado pela região Sudeste com 8.128 centenários, seguida da região Sul com 2.377. Em 1991 o número de centenários no Brasil era de 13.800. Portanto, em 20 anos, ou seja, de 1991 a 2010, o número de brasileiros centenários cresceu 10.436, isto é, 75,6%.
 
            Ser um centenário nos dias atuais é um privilégio de poucos, apesar das estatísticas demonstrarem a tendência de crescimento desse segmento da população. Os estudiosos dão como determinantes da longevidade diversos fatores, dentre os quais: genética, estilo de vida, condições ambientais, hábitos alimentares, espiritualidade, humor, baixo nível de estresse, suporte familiar, moderação e, sobretudo, atitude positiva diante da vida. Não há, pois, um perfil único para a longevidade.
 
            Os longevos, porém, se posicionam de acordo com suas próprias experiências de vida. A condição de vida social, econômica, financeira, intelectual, religiosa, dá a cada um deles uma percepção diferente da vida. Elementos significativos são a espiritualidade e a sociabilidade do longevo, que produzem neste a aceitação da morte com naturalidade ou o desejo dela para se verem livres do peso da vida. Para alguns, pela vida feliz que têm, a longevidade se apresenta como tempo de agradecimento a Deus. Para outros, pela vida de limitações e dependências de outros que têm, é vista como tempo de ir embora.  
 
            Minha Tia Maria está no primeiro grupo. Tia Maria, irmã de minha mãe Irene, hoje a única conosco de toda a geração de filhos de Antonio Madureiro e Isabel Pereira dos Santos, nascida em Cabaceiras, a Roliúde Nordestina, jamais deixou de gozar do carinho dos seus filhos e filhas, sobrinhos e sobrinhas, fortalecido pelo respeito de todos eles. Pelo amor e bondade que semeou a todos por toda a sua vida ela conseguiu chegar aqui, alegre e alegrando a todos, por ter sabido transformar o dom da vida em permanente felicidade. Não é por menos que sempre a tive como minha doce-tia-mãe, verdade confessada em minha crônica alusiva aos seus 85 anos.
 
            Tia Maria, nós Adeilson, Ailton, Hamilton e Maria Vanildes, nossos filhos e nossas consortes, estamos todos felizes pela bem-aventurança dos seus 100 Anos de vida plena, dedicada à família numerosa de filhos, netos, bisnetos e sobrinhos. Que a graça de Deus que a tornou centenária continue a preencher o seu coração de amor, o seu espírito de paz, a sua alma de bondade e o seu corpo de alívio das finitudes próprias de sua idade. Depositamos rosas vermelhas em suas abençoadas mãos, que representam nosso amor pela doce-tia-mãe que tanto amamos.
Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 08/07/2018
Alterado em 09/07/2018
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