CRIOGENIA
Não usual esta palavra e, portanto, pouco conhecida, a criogenia é termo composto de dois radicais gregos: "kruos", que quer dizer "frio", e "genos", que quer dizer "origem". Assim, etimologicamente, criogenia significa "nascer do frio". Cientificamente, é uma técnica de resfriamento aplicada para se obter e manter corpos congelados.
Em linhas gerais, esta técnica consiste em retirar todo o sangue do corpo do morto, trocando-o por uma substância alcoólica vitaminada chamada glicerol, mantendo-se a partir daí o corpo em um caixão de alumínio imerso em nitrogênio líquido, a uma temperatura de 196 graus centígrados negativos. Pretende-se com este processo que, se ocorrer, ao ser reanimado pela medicina, o corpo voltará a ter vida, mesmo que tenha sido mantido congelado por mil anos.
A idéia criogênica tem por fundamento o pensamento e os anseios de imortalidade do homem, que remontam às antigas civilizações. Os gregos imaginaram a fênix, ave poderosa que sempre renascia de suas próprias cinzas; os egípcios mumificavam seus mortos, na esperança de que seus corpos habitassem dimensões celestiais. Hoje, tem-se este processo de crionização, formulado pelo Dr. Robert Ettinger e aplicado pela Alcor Life Extension Foundation, sediada na cidade de Phoenix, Arizona, EUA, ora responsável pelo congelamento de pouco mais de 60 cadáveres.
O homem é um ser dual, por natureza. Constituem-no espírito e matéria. O corpo humano sem alma não vive, isto já é conhecido. Deste modo, torna-se impossível dar-se vida a um corpo que exige para sua plena existência seja animado por algo imaterial. Note-se que a palavra latina "anima" significa "alma", daí porque, um corpo animado é aquele que contém uma alma. Mesmo os materialistas reconhecem esta verdade, quando consideram matéria sutil a força que se encontra subjacente aos movimentos funcionais involuntários do corpo humano, controlados pelo cérebro.
Espiritualistas das mais diversas correntes, tratam do tema sob óticas diversas, destacando-se as teorias reencarnacionista e ressurreicionista. Pela primeira, a alma do homem volta à matéria em sucessivos corpos, cumprindo um processo evolutivo de aperfeiçoamento moral e espiritual, até integrar-se com a força criadora do universo, ou seja, Deus. Não se tem aqui a reanimação do corpo que morreu, mas a vivificação pela mesma alma vivente de novos corpos que se formam. Pela segunda, a alma do homem volta a reanimar o corpo que outrora vivificou, mas apenas num único e desconhecido momento chamado Juizo Final. Todavia, há de se convir que o Apóstolo Paulo diz que embora seja preciso primeiro morrer para se vivificar, não se semeia o corpo que há de nascer, mas sim sua semente, e que por isto semeia-se corpo animal e ressuscita-se corpo espiritual (I Cor 15, 35 a 37 e 44).
Vê-se, pois, que a vitória sobre a morte, desde os tempos mais remotos é matéria de fé, não obstante as preocupações da ciência com a questão. A ciência tem conseguido ampliar a vida humana aumentando sua longevidade e tem feito nascer crianças em laboratórios, mas não tem conseguido dar vida a quem já a perdeu. Suas tentativas, entretanto, não devem ser desprezadas, posto que ciência é experimentação e como tal, a persistência é indispensável. Até lá, então, muitas dessas experiências continuarão servindo para a satisfação daqueles que almejam a imortalidade corporal, mesmo que isto lhes custem alguns milhares de dólares e o destino de se tornarem múmias modernas, sem faixas e sem fragrâncias, congeladas por processos químicos e conservadas fora das vistas dos míseros mortais irmãos. É a pura vaidade humana.