AILTON ELISIÁRIO
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ENCONTRO PLURALISTA
Em Campina Grande, Paraíba, no ano de 1991, aconteceu um evento cultural e religioso que iria mudar a vida da cidade durante o período carnavalesco. Foi o Encontro da Nova Consciência, que neste ano comemorou bodas de prata. São 25 anos ininterruptos que o Rei Momo abdica de sua majestade para dar guarida ao pensamento religioso pluralista, possibilitando aos participantes o conhecimento das diversas tradições espirituais pelo diálogo entre si.
Instalado no final do século passado, o Encontro desde o início se preocupou com a diversidade religiosa, sendo a realidade do pluralismo religioso o ponto principal da pauta de discussão com vistas ao estabelecimento de uma cultura de paz entre as nações e os homens de todos os credos.
O diálogo inter-religioso é deveras necessário para um mútuo conhecimento e um enriquecimento recíproco. Conhecer o outro não significa estar de pleno acordo com o outro nem romper com as próprias convicções, mas sim permitir que o outro tenha o seu lugar admitindo seu valor e sua validade. Enriquecer juntos significa estar disponível a se deixar transformar pelo encontro sem perda de identidade, mantendo o compromisso com a própria fé e a disposição ao aprendizado com a diferença. É viver uma experiência de fronteira num processo de encontro dialogal, mesmo que esse lugar seja inquietante diante do desafio da alteridade.
O teólogo Raimundo Pannikar diz: “aquele que não conhece senão sua própria religião, não a conhece verdadeiramente. É necessário que se conheça ao menos uma outra religião diversa para poder situar em verdade o conhecimento profundo da religião professada”. E isto só é possível mediante o diálogo aberto e respeitoso, onde cada interlocutor ponha-se em atitude de busca profunda.
A organização de encontros paralelos, porém, não contribuem para o diálogo. Mesmo diante de um mundo cheio de possibilidades de interpretações, não há o que temer. O pluralismo religioso é de princípio, está no desígnio misterioso de Deus. Como afirma o teólogo Claude Geffré: “a pluralidade dos caminhos que levam a Deus continua sendo um mistério que nos escapa”. Seria salutar se o Encontro renascesse voltando aos seus primórdios, onde todos partilhavam das iguarias diferentes postas na mesma mesa.
Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 18/02/2016
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