AILTON ELISIÁRIO
Nulla dies sine linea
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Textos
MINHA TRISTEZA
        Estou triste, muito triste. Há tempos que não me sentia assim, mas este ano a tristeza tomou conta de mim de uma forma tal que me tem levado a repensar porquê razão nasci nesta terra. Minha tristeza nada tem a ver comigo mesmo, com minha família, com meus amigos. A minha tristeza tem a ver com o meu país, o meu berço que já não é mais tão esplêndido quanto diz o hino nacional.
É que antes meu país tinha filhos que o amavam e o idolatravam. Faziam de tudo para que o brado heroico de seu povo ressoasse retumbante, como ressoou na abolição, na independência do seu povo e em outros momentos históricos, em busca da paz no futuro. Porém, hoje a glória do passado esmaece sob o seu formoso céu risonho e límpido, deixando nossos campos sem mais flores, nossos bosques sem mais vida e nossa vida sem mais amores.
Como é triste ver meu país virar chacota nos programas de televisão de outros países, vê-lo perder a credibilidade financeira internacional, deparar-se no exterior com a imagem de nação decaída nos costumes, reviver a expressão “degaulleana” de que nosso país não é um país sério, sentir o orgulho de ser brasileiro cair ao chão.
Como é triste comprovar os desvios de rios de dinheiro público, ser contribuinte lesado anos a fio por grupos organizados, observar esquemas de órgãos judicantes em benefício desses malfeitores, ver a defesa do bem público ser trocada descaradamente pela do bem privado, transformar-se o país numa caótica república de bananas.
Nossas autoridades executivas mentem, nossos representantes legislativos mentem, nossos ministros judiciários mentem. E se dizem de conduta moral ilibada, insuscetíveis de quaisquer desconfianças. Os cargos públicos não são mais da outorga do povo, mas dos seus ocupantes que deles se utilizam para negócios. Os sujos falam dos mal lavados e fazem negociações esdrúxulas para que neles se mantenham ou seus apaniguados.
A minha tristeza é imensa, como a minha indignação. Mas, creio ainda que haverá quem erga a clava forte, filhos que não fugirão à luta para reconquistar com braços fortes o sol da liberdade, que novamente haverá de brilhar no céu com raios fúlgidos.  Hei de ver meu país retomar seu caminho virtuoso com o mesmo sonho intenso de independência, vívido de esperança e amor.
Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 25/10/2015
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